慈悲の心 JIHI NO KOKORO (Benevolência)
É comum entre os praticantes de artes marciais, principalmente nos seus primeiros anos de prática, interpelarem os seus Sensei questões filosóficas no que diz respeito ao dia-a-dia da vida do ser humano, para que possam entendê-las e aplicá-las no quotidiano das suas vidas. Tentar entender a origem da sua existência como ser humano, a relação da sua consciência objetiva com a sua consciência psíquica (leia-se aqui como “inconsciente”), qual a sua missão de vida, é uma característica comum entre os que procuram o caminho do autoconhecimento, e a arte marcial é isto (caminho do autoconhecimento). Junto a essa peculiaridade, têm-se as questões das crenças internas (visão subjetiva sobre todas as coisas da vida), que interferem diretamente sobre os julgamentos que fazemos sobre todo o conhecimento que adquirimos no decorrer das nossas vidas. Portanto, é inerente a todo ser humano “consciente” (a maioria das pessoas ainda estão a "dormir” para as questões da busca do Ser) veredar por caminhos que o leve a encontrar respostas para os seus anseios mais íntimos (Quem sou eu realmente? Qual a razão da minha existência? Qual caminho devo seguir? Eu tenho limitações? e etc, etc, etc.), e o Budo é um destes caminhos.
O Budo é um caminho que serve para todos os indivíduos puros de coração, independente da idade, condição financeira, género, opção sexual, crença religiosa ou qualquer outra forma de distinção geralmente atribuída como “empecilho” em muitos setores da vida. Ao que procura é necessário ter a mente aberta, ser respeitoso e ser (“Ser” é diferente de “Ter”) humilde quanto à sua condição de existência. Por consequência, naturalmente o Budo leva-nos ao caminho da benevolência, e é neste ponto que este texto chega ao seu objeto de dissertação: A Benevolência.
A coisa mais comum entre os praticantes de artes marciais é sustentar as suas posições de benevolentes ante a prática, ante os colegas praticantes da arte em que optou seguir, ante os praticantes de outras artes (sejam marciais ou não) e ante os outros setores da vida, mas a realidade é que, de fato, é muito raro encontrarmos pessoas, em todos os setores da vida (incluindo o nosso meio marcial) alguém que seja benevolente. Ser benevolente exige um trabalho constante de transformação interna, onde a todo o momento confrontamo-nos com o nosso ego, este que é alimentado por nossos desejos e julgamentos (lembra-se das “crenças internas” citadas no início do texto?) sobre todas as coisas. A benevolência não é algo que deva ser praticado somente dentro de um Dojo ou nalgum grupo fechado de outra natureza, mas sim em todas as situações e setores da vida, até mesmo (e principalmente) em situações em que nos deparamos com ações e opiniões divergentes das nossas, porque levar a Luz a quem está em concordância com nossas crenças não chega a ser (apesar de ter muita importância) um ato tão trabalhoso, mas lidar com situações que não estão alinhadas com a nossa forma de interpretar a vida é que é o grande desafio. Isto não significa que se deve concordar, aceitar ou conformar-se com ações ou situações das quais analisamos ser incompatíveis com o bom senso comum (conforme nosso entendimento), mas a questão é que o verdadeiro objetivo de quem procura o caminho da evolução da consciência é exatamente não julgar os outros, agindo como detentor do verdadeiro conhecimento da virtuosidade, para com quem ainda não está (talvez nunca venha a estar) na mesma sintonia que a nossa, além do fato de que nós também não alcançamos o nirvana (悟りSatori), portanto, estamos (e precisamos) também no caminho da aprendizagem. Isso é ser benevolente, é saber Dar e Receber (como 取りTori e 受けUke) sem realizar julgamentos antecipados a uma análise mais cuidadosa, é saber respeitar a visão que outro indivíduo possui sobre a vida mesmo que esteja em contraponto a nossa posição, é deixar de lado as questões do ego.
Benevolência, na vida do artista marcial, é uma atribuição natural para quem deseja absorver e praticar o conhecimento que lhe será revelado. A questão é: Existem pessoas que já possuem dentro de si essa qualidade nata e existem pessoas que precisam desenvolvê-la, qual é o seu caso? Ao responder a essa questão, você já estará a dar o pontapé inicial para o alcance de uma consciência mais elevada.
Shihan Nuno Santos
“A obtenção desse esclarecimento é caracterizada pelo desenvolvimento do Jihi No Kokoro, ou "coração benevolente." Mais forte que o próprio amor, o coração benevolente é capaz de circundar tudo aquilo que constitui a justiça universal e tudo que encontra expressão no desdobramento do esquema universal. Nascido da perspicácia obtida pela repetida exposição da mesma beira entre a vida e morte, o coração benevolente do Ninpo é a chave para encontrar a harmonia e entender os reinos dos mundos materiais naturais e espirituais.”
(Masaaki Hatsumi Soke)
O Budo é um caminho que serve para todos os indivíduos puros de coração, independente da idade, condição financeira, género, opção sexual, crença religiosa ou qualquer outra forma de distinção geralmente atribuída como “empecilho” em muitos setores da vida. Ao que procura é necessário ter a mente aberta, ser respeitoso e ser (“Ser” é diferente de “Ter”) humilde quanto à sua condição de existência. Por consequência, naturalmente o Budo leva-nos ao caminho da benevolência, e é neste ponto que este texto chega ao seu objeto de dissertação: A Benevolência.
A coisa mais comum entre os praticantes de artes marciais é sustentar as suas posições de benevolentes ante a prática, ante os colegas praticantes da arte em que optou seguir, ante os praticantes de outras artes (sejam marciais ou não) e ante os outros setores da vida, mas a realidade é que, de fato, é muito raro encontrarmos pessoas, em todos os setores da vida (incluindo o nosso meio marcial) alguém que seja benevolente. Ser benevolente exige um trabalho constante de transformação interna, onde a todo o momento confrontamo-nos com o nosso ego, este que é alimentado por nossos desejos e julgamentos (lembra-se das “crenças internas” citadas no início do texto?) sobre todas as coisas. A benevolência não é algo que deva ser praticado somente dentro de um Dojo ou nalgum grupo fechado de outra natureza, mas sim em todas as situações e setores da vida, até mesmo (e principalmente) em situações em que nos deparamos com ações e opiniões divergentes das nossas, porque levar a Luz a quem está em concordância com nossas crenças não chega a ser (apesar de ter muita importância) um ato tão trabalhoso, mas lidar com situações que não estão alinhadas com a nossa forma de interpretar a vida é que é o grande desafio. Isto não significa que se deve concordar, aceitar ou conformar-se com ações ou situações das quais analisamos ser incompatíveis com o bom senso comum (conforme nosso entendimento), mas a questão é que o verdadeiro objetivo de quem procura o caminho da evolução da consciência é exatamente não julgar os outros, agindo como detentor do verdadeiro conhecimento da virtuosidade, para com quem ainda não está (talvez nunca venha a estar) na mesma sintonia que a nossa, além do fato de que nós também não alcançamos o nirvana (悟りSatori), portanto, estamos (e precisamos) também no caminho da aprendizagem. Isso é ser benevolente, é saber Dar e Receber (como 取りTori e 受けUke) sem realizar julgamentos antecipados a uma análise mais cuidadosa, é saber respeitar a visão que outro indivíduo possui sobre a vida mesmo que esteja em contraponto a nossa posição, é deixar de lado as questões do ego.
Benevolência, na vida do artista marcial, é uma atribuição natural para quem deseja absorver e praticar o conhecimento que lhe será revelado. A questão é: Existem pessoas que já possuem dentro de si essa qualidade nata e existem pessoas que precisam desenvolvê-la, qual é o seu caso? Ao responder a essa questão, você já estará a dar o pontapé inicial para o alcance de uma consciência mais elevada.
Shihan Nuno Santos
“A obtenção desse esclarecimento é caracterizada pelo desenvolvimento do Jihi No Kokoro, ou "coração benevolente." Mais forte que o próprio amor, o coração benevolente é capaz de circundar tudo aquilo que constitui a justiça universal e tudo que encontra expressão no desdobramento do esquema universal. Nascido da perspicácia obtida pela repetida exposição da mesma beira entre a vida e morte, o coração benevolente do Ninpo é a chave para encontrar a harmonia e entender os reinos dos mundos materiais naturais e espirituais.”
(Masaaki Hatsumi Soke)
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